"Não é uma instituição, não o precisa de ser sequer, é um lugar sem definição aparente onde expressamos o que gostamos ou não. Não cedemos a pressões, não somos pagos para dizer bem de certas e determinadas coisas (por enquanto), e não damos primazia à musica portuguesa para dar sensação de um nacionalismo não existente. Retratamos o nosso ponto de vista tal como ele é. Esférico e com uma bolinha no meio."

domingo, dezembro 30, 2007

#04/#05Maternidade Est. 2007




#04 - Ga Ga Ga Ga Ga - Spoon

Quando olhados de longe, os Spoon fazem me lembrar os Pixies. Não que tenham uma baixista teimosa ou falem de relações incestuosas, nem sequer têm um vocalista obeso (tira-lhes logo algum encanto é certo), mas também sempre lançaram álbuns extraordinários e nunca tiveram o sucesso comercial devido.
Mas se começaram, em Telephono, com boas guitarradas ainda que já a roçar o banal, os Spoon cresceram muito com Kill The Moonlight e Gimme Fiction. Tonaram-se uma banda cheia de classe, com melodias duma subtileza e inteligência gritantes. Não têm medo de mostrar que fazem do melhor pop que se tem ouvido. Ga Ga Ga Ga Ga é uma prova descarada disso. Com um começo como Don't Make Me a Target, é dificil não se tornar rapidamente um incontrolável vicio auditivo, de louvar principalmente a sincronia perfeita entre piano e a distorção da guitarra no outro. Mas não é só de uma música que vive este álbum, longe disso. The Ghost Of You Lingers, Rhthm & Soul ou Don't You Evah são três bons exemplos do quão flexível a música dos Spoon pode ser. No entanto, uma das características deste álbum é a sua homogeneidade. Gostos à parte, não há uma música que se possa dizer que não está claramente ao nível das outras.
Ga Ga Ga Ga Ga é talvez, numa outra perspectiva, o álbum mais produzido, o mais acessível até, sem perder a intensidade e a capacidade de estimular o ouvinte.
Concluindo, fica para os anais da história como mais um excelente álbum de uma banda que desde sempre habituou mal os demais melómanos.

#05 - Comicopera - Robert Wyatt
Robert Wyatt sempre teve a qualidade de compor coisas esquisitas que soam invariavelmente bem. Já com os Soft Machine ele dava provas de um fraquinho por escalas, variações e arranjos pouco usuais. Comicopera é um belo exemplo desse (bom) gosto pelo incomum. Com colaborações de Brian Eno e Paul Weller, o ancião Wyatt criou um álbum capaz de dar uma lição a muito bom álbum saido neste quase ano passado. Estimulante ainda que melódico, Comicopera acaba por poder ser dividido em várias partes. As primeiras quatro músicas são caracterizadas por uma grande beleza. Stay Tuned é daquelas canções que consegue arrepiar, dada a fragilidade e sinceridade da voz de Wyatt, acompanhada por uma magnifica melodia. Just As You Are destaca-se também pela voz da interprete feminina, acompanhada pelos pratos da bateria e por brilhantes arranjos de guitarra e clarinete. Be Serious, mais à frente, é ferrada com ironia
«I really envy Christians
I envy Muslims too
It must be great to be so sure
As I'm talking to a Jew;
He said pray to god for mercy
He said get down on your knees
He said ask him for forgiveness
He said when you do say please (do us a favour)»
A Beautiful Day encerra o lote de convencionalismo deste álbum, sendo que com Out Of the Blue ingressa por terras experimentais, dando razão à teimosa etiquetagem de fusion-jazz que desde os tempos dos Soft Machine lhe insistem em aplicar, sendo essa dose de experimentalismo que encerra Comicopera, obrigando o ouvinte a perguntar-se «mas que raio?» e ouvir tudo outra vez. Isto repetido bastantes vezes, até termos a certeza que este homem é realmente brilhante e que este é um dos melhores álbuns do ano.

sexta-feira, dezembro 28, 2007

#07/#06Maternidade Est. 2007




#06 - Neon Bible - Arcade Fire

Por incrível que pareça, até aos poderosos e afamados Arcade Fire a "pseudo crise do 2º album" afectou. Não que tenha afectado o álbum em si, que está tão bom ou melhor que Funeral. Mas Neon Bible não evitou ser dissecado e arrasado por todo o tipo de critica, desde a mais saloia à mais especializada(isto dito ao som de Black Mirror). E isto porquê? Porque as comparações com Funeral são tão inevitáveis quanto absurdas. Primeiro porque Funeral é um álbum muito mais dramático, cheio de pluma e sentimentalismo, com toda a sua vizinhança a dar o paladar quase negro que a esse álbum tão característico é. Neon Bible, por outro lado, é quase a calmia depois da tempestade. É muito mais controlado, pensado e calculado ao milímetro. Por isso é que se pode dizer que é um álbum com um nível de perfeição acima da média. Começando com Intervention onde se canta
No place to hide
You were fighting as a soldier on their side

You're still a soldier in your mind
Tho
ugh nothing's on the line

passa-se subtilmente para Black Mirror
onde afirmam estarem amaldiçoados. Num piscar de olhos ouve-se a "épica-num-sentido-nada-scorpions" My Body is a Cage, que serve como piece-de-resistance a Neon Bible. Aqui dá-se o culminar emotivo de várias músicas (Windowsill ou Bad Vibrations) as quais ouvidas de relance parecem não ter nada de semelhante mas que seguídas desta faixa fazem todo o sentido. Coíbo-me de dizer mais alguma coisa, até porque este álbum está como a imagem para escrita. Vale mais que mil palavras.


#07
- Vieux Farka Touré - Vieux Farka Touré
Este foi daqueles álbuns que fui obrigado a descobrir, muito por culpa do apelido de Vieux, o qual partilha com o já falecido pai Ali Farka Touré, somente um dos maiores artistas de sempre do continente africano, mais propriamente do Mali. Mas a verdade é que a herança não pesa tanto quanto o talento que Vieux herdou, em quantidades, diga-se, avultadas.
Não há que o esconder, este álbum é centrado na guitarra e na fenomenal mestria de Vieux na sua utilização. Virado para o Blues, Vieux Farka Touré ri-se também para o reagge, passando por todo o encanto dos mais variado instrumentos cujo nome não faço ideia mas que
serão de certeza o mais complexos possível.
Há que sublinhar a presença do prórpio Ali Farka Touré em duas faxas, Diallo e Tabara, e a colaboração do seu professor,
Toumani Diabaté, em Toure De Niafunke e Diabate, que ainda o acompanha durante as suas digressões, como se pode verificar quando passaram cá por estes lados. Esse foi, alias, um dos melhores concertos a que pude assitir este ano. Certo que não tinha o groove de uns LCD Soundsystem, nem os violinos de Arcade Fire, mas o que Vieux faz com a guitarra eléctrica ao vivo é quase mágico. Um dos grandes mestres da guitarra actuais, para reter para o futuro.


terça-feira, dezembro 25, 2007

#09/#08Maternidade Est. 2007




#08 - Strawberry Jam - Animal Collective

O titulo deste álbum não poderia ser mais feliz. Adaptando um pouco o conceito de geleia, este album é uma autentica marmelada. Peacebone, single com quase mais rodagem que Last Christmas dos Wham, abre Strawberry Jam gloriosamente. Entretanto e à medida que que passamos por músicas invulgarmente melódicas como Unsolved Mysteries e Chores, encontramos Fireworks cuja espécie de assobio embaraça qualquer Young Folks, sendo uma bela candidata a canção do ano. Finalmente com #1 percebemos o motivo porque os Animal Collective estarem associados à tão aclamada vertente do Freak-folk americano. Chega-se finalmente a Cuckoo Cuckoo no qual Avey Tare, ao som do piano canta
"My tears quenched five feet along
And I can scream but cannot yawn
And people gonna come and people gonna cry
We just hope it's worth the age we die
Don't try to erase what you have done
Put your favors in a mouth, and kiss it if it wants
And where's my friend, I wanna hold him tight
He's so far away from mountain light".
A finalizar, Derek faz nos querer que caso aparecesse aquando das imagens do Shire da masterpiece de Tolkien, dava todo um novo significado ao filme que Peter Jackson teimou em adaptar para o cinema.
Com Strawberry Jam, os Animal Collective não são mais aquela banda que tem que se ouvir. Tornaram-se, mais que tudo, um prazer.



#09 - Sound of Silver - LCD Soundsystem
Só depois de ver os LCD Soundsystem ao vivo é que me apercebi o quanto James Murphy é o grande cérebro dentro daquele grupo. Independentemente disso, Sound of Silver vem provar que os LCD Soundsystem são mais que uma banda de "encher chouriço" para o reconhecido produtor James Murphy se livrar da monotonia.
Se o homónimo primeiro álbum era extenso e disforme, Sound of Silver é muito mais arrumado, compacto e, sobretudo, mais limpo. Embora tenha somente 9 músicas, são 9 musicas com muito "recheio". O foguete de lançamento é Get Innocuous. Adequado tanto à pista de dança quanto como acompanhamento de uma bed-side story, funciona como prefácio a um álbum que se divide entre Time to Get Away, Us vs Them, Watch The Tapes, Someone Great e Sound of Silver, os brilhantes 75 % electrónicos e os restantes 25%, onde aparecem North American Scum, com uma crua e mordaz descrição da sociedade norte-americana, All My Friends onde a hipocrisia não tem lugar " I wouldn't trade one stupid decision, for another five years of lies." e, já no final, a ressaca. New York I Love... acaba por ser a antítese de tudo o que este álbum é, fazendo um dedicatória indirecta à cidade das luzes americana. De uma mistura de letras inteligentes e electrónica mais que dançante, Sound of Silver é sem duvida um dos albuns mais marcantes de 2007.

"O Natal é para fracos" - Anónimo

O Natal é das épocas menos consensuais. Há quem ame, há quem despreze, mas mesmo esses sentem o minimo do espirito natalicio, nem que seja o fetiche por pessoas do sexo feminino vestidas apenas com capuz vermelho. Por essa razão trago-vos a música mais gozada e que mesmo assim melhor caracteriza esta época. E não, não é pela assumida homossexualidade do Georgie.

Last Cristmas, ladies and gentlemen.


E para todos os que, depois de verem o conteúdo do video acima juraram a pés juntos nunca mais visitar este humilde espaço, e para todos os outros que até acharam piada, um feliz Natal.

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Spoon

23 de Fevereiro na Aula Magna. Colherada e pêras, espera-se.

The underdog, o 1º single tirado de Ga Ga Ga Ga Ga


(estreia absoluta, nao sejam brutos nos comentários que sou franzino)

#11/#10 Maternidade Est. 2007




#10 - In Rainbows - Radiohead

As vacas sagradas do Rock. Esta é, sem duvida, a mais acertada definição dos Radiohead hoje-em-dia. E merecem esse estatuto, diga-se de passagem, até por que não foi do céu que cairam Ok Computer e Kid A, álbuns que marcaram a década de 90 e o inicio do novo milénio, respectivamente.
Pela primeira vez na sua discografia, no entanto, um álbum não vai ser reconhecido pela sua música, mas pelo modo como foi lançado. Duvido que, daqui a uns anos, alguém se lembre de In Rainbows como o album que tinha a Reckoner ou a Bodysnatchers, como se pensarmos no Amnesiac vem-nos à cabeça Pyramid Song ou a Knives Out. In Rainbows, para todos os efeitos, será "o album que marcou um nova era do comercio discográfico" ou "o album que foi comprado ao preço que o consumidor quisesse". Infelizmente.
No entanto, acabou por vir calar muitas bocas, que previam que a vaca fosse para o espeto. Nota-se que os Radiohead cairam no dossel da conformidade, criando um album de tal forma natural que nem parece que é Thom Yorke a cantar. Arpeggi e Faust Arp são exemplo disso. Brilhantes músicas, duma intensidade tremenda, e ainda assim extremamente acessiveis, melódicas até. Por outro lado continua desafiante, quer pelas letras directas do imaginário de Dr. Tchock, quer pelo sessão ritmica, que acompanha duma maneira fenomenal os arranjos
de Greenwood, em Reckoner ou em Jigsaw falling into place. Bonysnatchers acaba por ser a ovelha tremalhada. Com um riff bem pesado, pede já uma grande dose de headbanging, rapidamente domesticado por Nude.
No final, este album é a verdadeira caracterização do estado dos Radiohead como banda. A melhor.


#11 - The Reminder - Feist
Há duas maneiras diferentes de ouvir a voz de Leslie Feist. A primeira é agarrarmo-nos a clichés da idade média e pensar que The Reminder é somente uma excelente colecção de músicas para anúncios de televisão. A segunda é abstraimo-nos de todos os lugares comuns existentes.
Escolhendo a segunda, rapidamente se dá a aperceber o alcance da sua música.
The Reminder é, ao contrario de Let it Die, bastante mais sofisticado, mais virado para o pop, deixando as raizes de menina bonita do folk para trás. Mas se So Sorry abre o album em tom de arrependimento, My Moon My Man alegra as hostes. Candidata a canção do ano, faz uso de uma estrutura de acordes extremamente simples o que a torna ainda mais brilhante. A meio, pede emprestada a Nina Simone uma tal de Sealion e saca dos seu fato(?) azul brilhante para 1234. Feist consegue, à medida que o album se vai desenrolando, aproximar-se cada vez mais de quem a ouve, acabando por se tornar a vizinha do lado, pelo menos do iPod, até por que é bastante dificil passar muito tempo sem ouvir uma Brandy Alexander. Com The Reminder, Feist afirma-se como uma talentosa e promissora artista a solo, e não como mais uma desses grandes Broken Social Scene.
Talvez encontre ai o Timbas e se torne a próxima Nelly Furtado. Mas uma Nelly Furtado com jeito, com talento e Canadiana de verdade.

quarta-feira, dezembro 19, 2007

#14 -#12 Maternidade Est. 2007




#12 - The Stage Names - Okkervil River

Uma das características que mais valorizo nas bandas vindas dos anais desse grande continente que é o americano é a capacidade de serem invariavelmente estimulantes. Alem de conseguírem ter letras cheias de piada, juntam um tempero folk que me seduz especialmente. No entanto, The Stage Names perdeu muito desse cheirinho a folk. Mas não foi por isso que perdeu qualidade, antes pelo contrario. Os Okkervil River criaram um album muito mais moderno, cheio de classe e inteligência, sem perder as letras mordazes que tanto os caracteriza. Começa alias com um hino à vida mundana e insalubre que todos vivemos hoje em dia, tem pelo meio a mais sublime e brilhante letra do ano, uma love song chamada Plus One e termina com as desventuras de John Allyn Smith, aveludada por uma cover de Sloop John B. dos Beach Boys. Um grande album, cedido gentilmente por uma das mais talentosas bandas americanas que por aí andam.


#13 - The Flying Club Cup - Beirut
Zach Condon espantou meio-mundo quando, já nos idos 2005, lançou Gulag Orkestar. O mesmo já não aconteceu com o 13º ocupante desta lista. Já não era aquela novidade, aquele sentimento de pânico e a sofreguidão em encontrar as influencias onde Condon ia buscar a tão esquisita quanto viciante atmosfera musical que lá vivia. No entanto, The Flying Club Cup chegou em jeito de confirmação. Confirmou que Condon tem talento para dar e vender, que as influencias dos balçãs ainda deram para (pelos menos) mais um album e que quem gosta de música do leste Europeu não é mais um geek. No final de contas, The Flying Club Cup brinca com todos os rótulos, penetra as mais variadas barreiras, e está para o uso do acordeão, como Funeral esteve para o uso violino.

#14 - Hissing Fauna, Are You The Destroyer?Of Montreal
Quando se ouve este album pela primeira vez é muito dificil não nos passar algo como "o oxigénio destes gajos deve ser acidos" pela cabeça. Mas depois de empurrado para um canto da sala, versos como "come on chemicals come on chemico-o-o-o-o-o-ls" começam a ressoar e tomam controlo do nosso sistema nervoso. Rapidamente somos invandidos por uma vontade extrema de fazer coisas estupidas, como atirar berlindes da varanda a velhotas transeuntes. As culpadas são Gronelandic Edit, She's a Rejector ou a elucidativa Past is Grotesque Animal, todas elas verdadeiras canções de intervenção no que toca à mais aprazivel da pirolisse. Portanto se quisermos uma recordação de 2007, mais fácil que " e eu é que sou o burro?" ou " recuar o liedson, com tranquilidade" (se quiserem imitar os sotaques de Scolari e Paulo Bento, respectivamente ou não, verão que até deveria ter piada), só mesmo " We just want to emote till we're dead
I know we suffer for fashion or whatever"

sábado, dezembro 15, 2007

#17 -#15 Maternidade Est. 2007





#15 -
Let's Stay Friends - Les Savy Fav
Este é, ao lado de Boys and Girls In America dos Hold Steady, o melhor álbum rock destes últimos 2 anos. Lançado já nos anais de 2007, Let's Stay Friends é aquele álbum que Bloc Parties, Kings Of Leon e Arctic Monkeys queriam fazer mas que, quando até iam bem encaminhados, espalharam-se ao comprido. E caso tenham ficado indignados por este meu hiperbolismo crónico, ouçam uma Patty Lee ou uma Brace Yourself. Não se sintam frustrados por se aperceberem que engoliram em seco. Com o Neon Bible foi a mesma coisa.

#16 - The Magic Position - Patrick Wolf
Ora aqui está um album que eu, quando o ouvi pela primeira vez, releguei à maior indiferenças. A verdade que Wind in The Wires, com toda a sua mística barroca, me contagiou de tal maneira que qualquer coisa que não seguísse o mesmo caminho iria à primeira ser menosprezado. E foi isso que aconteceu. Quando ouvi pela primeira vez o single Accident & Emergency, ainda em 2006, fiquei em transe, quer pela quantidade de barulho que se ouvia, quer por me ter apercebido que não havia mais o "rococosimo" que tanto admirava em Libertine ou Teignmouth. Mas este album foi-me quase impingido à bruta por alguém que teimava em dizer que uma tal de Overture ultrapassava qualquer coisa que Wolf já tinha feito. E tinha mesmo razão, porque depois de uma música de abertura tão fenomenal como Overture, todo o album se transfigura completamente. Aqui Wolf já não fala de cavalos e cavaleiros do século XIX. Monta um circo no meio da cidade e convida o mais comum dos mortais a dar uma volta no seu carrossel sonoro.

#17 - Person Pitch - Panda Bear
Quando ouvido pela primeira vez, este Person Pitch é algo chocante. Primeiro por soar tão fresco e primaveril, original até. Depois por ser tão antagónico em relação ao seu antecessor, Young Prayer, inexplicávelmente sombrio. Foi daqueles álbuns que rapidamente ganhou espaço aqui neste descampado musical que é o meu iTunes, muito por culpa do coro de Comfy in Nautica, da brilhante colaboração musical dos restantes Animall Collective (plagio vá) em Bro's, que é tão estimulante quanto inocente e desse pedaço de mau caminho que é Search For Delicious.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

#20 -#18 Maternidade Est. 2007


Comecem a ler por baixo, se não isto perde a já pouca graça que possui.

#18 - Proof Of Youth - The Go!Team
Este é daquelas peças de artilharia pesada que mete até os mais cinzentos a dançar. Podia-se dizer que este álbum contribui para a festa mas se nos afastarmos um bocado e o ouvirmos em perspectiva rapidamente nos apercebemos que este album é a festa toda, não se dando pela falta da "cerveja, tremoço e gaja boa". Portanto se se sentirem ou conheçam alguém com tendências suicidas, não usem músicas como Grip Like a Vice e Titanic Vandalism, como tratamento. Seriam mal empregues.




#19 - Grinderman - Grinderman
Na primeira estrofe de Get it on, a música de abertura aqui do 19º, ouve-se Nick Cave a grunhir "And get it on get it on get it on
On the day that you got born"
E ele, realmente, tem lá a sua razão porque o homem não pára quieto. Depois de já 2 décadas a fazer nome pelos Bad Seeds lembra-se de virar em frente pelos sinuosos caminhos da heteronimia. E fê-lo muito bem como seria de esperar.
Intercalado por letras cruas e rasgadas e distorção, (No Pussy Blues e Electric Alice) e a imcomparável marca d'água NickCaveiana vinda já do longicuo The Good Son (entre outros), (Chain of Flowers, Rise), Grinderman é daquela espécie que não tem manchas de gordura. Afinal, tem lá por trás o Nick Cave, né?



#20 - White Chalk - PJ Harvey
Este album assenta que nem um preservativo XL a este 20º.
Então e porquê, hum?Porque é um bocado difícil lidar com, mas no final dá um prazer dos diabos. Sim, porque quem esperava uma Polly Jean selvagem, com fome de distorção, desiludiu-se. E daí talvez não. Aquele que parece às primeiras audições um album distante e frio, como se ela se estivesse literalmente a cagar para quem está a ouvir, revela-se depois como chocolate quente em gelado de baunilha ou, se preferirem, o Ok Computer em dia de temporal. Polly Jean, no final de contas, despe-se completamente, e ejacula a sua creatividade pelas teclas do piano, criando músicas brilhantes, como Grow Grow Grom, Dear Darkness ou Broken Harp. Um must-have num qualquer top 50 de 2007.

Só um pequeno à parte já agora. As posições são pouco mais que um maneira de organização, que descobri há pouco tempo que é um grande aliado.

Maternidade Est. 2007


Com o final do ano vem atrelada uma imensa parafernália de listas. As melhores músicas, filmes, livros, aquecedores de pés a pilhas e liquidificadores são testados até à exaustão para depois serem lembrados para a posteridade como "o melhor de 2007".

Infelizmente, e apesar de achar que isto de reduzir os mais de muitos álbuns (dos quais nem um nono ouvi) que para aí sairam a uma mera lista de 20* ser redutor, não consigo resistir ao ímpeto animal que me toma neste período.

Mas de isto de fazer listas é apenas um eufemismo para "Porra, eu não sou um ignorante(para todos os efeitos)". Portanto, e com doses de presunção e saudosismo necessárias (segundo alguns), vou nos próximos dias divulgar alguns álbuns que 2007 deu à luz de parto natural.

Mas calma, leitores sedentos e lascivamente gulosos por criticar mordazmente os meus gostos pessoais. Estão livres de, se me virem aí num qualquer passeio, me atirarem um ou dois tijolos. Mas se quiserem mesmo levar essa atitude avante peço apenas uma coisa. Que mandem com carinho que estamos no Natal.

P.S. - Um grande obrigado pub(l)ico ao RJAP pelo magnifica imagem ali de cima, que segundo alguns demorou 5 minutos a fazer. Pá e se não tiverem mesmo vontade nenhuma de saber as minhas escolhas visitem o Queijo de Porco, que esse sim é interessante.

Edit - 14/12/07: Vi-me forçado a engordar um pouco a lista, muito por culpa da quantidade de bons discos saidos neste 2007. Avé

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Its been a long time since they rock and rolled


Neste momento está a acontecer algo histórico. No palco da 02 Arena, localizado nessa magnifica cidade londrina, estão agora 3/4 dos Led Zeppelin originais a dar espectáculo. A inveja é uma coisa horrível, mas não outro sentimento para com as almas que pagaram uns quantos balurdios para estarem lá dentro a assistirem ao vivo aos célebre mamutes do Rock n' Roll

Deixo aqui o grito do ipiranga vindo directamente desse enorme IV de 1971.
Rock n' Roll



Se alguém estiver com vontade, já agora.
Whole Lotta Love, Knebworth, 1979


Ou até mesmo completamente desesperado.
Kashmir


Its been a long time, been a long time,
Been a long lonely, lonely, lonely, lonely, lonely time.

sábado, dezembro 08, 2007

What is the sound of shit happening?



15 de Fevereiro, no Coliseu. Medo.

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Go! Team

No primeiro dia 18 de 2008 no Lux.
Aqui com uma das melhores de Proof Of Youth, Titanic Vandalism.

terça-feira, dezembro 04, 2007

Porque infelizmente há coisas que não têm ponta por onde se lhe pegue.

Pode ser do inverno que vem aí, da grande dor de cabeça que faz questão de não me deixar morrer de solidão há uns bons dias ou da catrefada de pontos que o Sporting já perdeu por ter um nabo ao comando.

A verdade é que nesta altura em que se volta a falar do "exilio" da Fátima Felgueiras não há nada melhor que sintonizar Smiths. Pede que se fale aborrecidamente das brilhantes letras do Morrissey, de como ele não era fixe, de como ele era apenas uma geek de óculos fundo-de-garrafa que até hoje nunca chegou à conclusão se gostava de dar ou levar, se bem que alguma delas (se não ambas) já terá com certeza experimentado (até se decidir pela abstinência), de como se tornou num dos artistas mais importantes do século XX.

De qualquer maneira, há uma música que não pede nada. Obriga nos a fazer o pino cerebral e a sentir o latejo do sangue a subir à cabeça (não, não é uma metáfora sexual). Uma que apetece ouvir quando não nos apetece ouvir mais nada, que nos faz escrever a dreadful lot of poetry e sentir nostálgica e tendencialmente suicidas. Uma que seria aquela a que o Ian Curtis se teria enforcado ao som de, caso não estivesse já a ouvir Iggy Pop e, claro, caso os Smiths já existissem.
Enfim, I Know It's Over, Ladies and Gents.

E é claramente a resposta a muitos dos pontos de interrogação que pairam nas nossas inóspitas cabeças.
Nós é que não percebemos isso à primeira. Assim como o significado desta música.


PODES OPINAR AQUI!