"Não é uma instituição, não o precisa de ser sequer, é um lugar sem definição aparente onde expressamos o que gostamos ou não. Não cedemos a pressões, não somos pagos para dizer bem de certas e determinadas coisas (por enquanto), e não damos primazia à musica portuguesa para dar sensação de um nacionalismo não existente. Retratamos o nosso ponto de vista tal como ele é. Esférico e com uma bolinha no meio."

quarta-feira, janeiro 30, 2008

O Inimigo

No panorama da British music chega-nos uma das bandas que poderá bem ser a Banda Revelação de 2008. Com um som tipicamente indie rock acabou de lançar o seu “ We’ll Live and Die in These Towns”.

A revista britânica New Musical Express nomeu.os para a categoria de Banda Revelação onde estão nomes como Foals, Joe Lean and the Jing Jang Jong, The Pigeon Detectives e The Wombats e também para Melhor Álbum. Ficamos à espera de talvez venham dar um saltinho ao nosso país. Em pleno dia em que o vocalista Tom Clarke acusa os Arctic Monkeys de serem uma desilusão considerando a banda de “enfadonha” Ficam aqui um dos exemplos a ouvir durante este ano:

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Cava, Cave, Cava, Bobby tareco caraigo.


Depois da aventura como dentista, Nick Cave voltou às suas raízes. Más? Nem por isso, afinal são já 20 e muitos anos de carreira. Mas convenhamos que carreira tem muita gente, agora se é respeitosa ou não são contas doutro rosário. A maioria das peixeiras de alfragide são uma sudoripara prova disso, na sua cruzada para por o Tony a presidente, se o Santana Lopes se cansar dos beijos. Mas adiante, o Neanderthal americano passa por cá nos dia 21 no Coliseu da cidade cuja parte verde e branca impôs a sua virilidade em Alvalade e dia 22 de Abril no Coliseu da terra cujo nome é emprestado a um clube que acabou por levar um pseudo-coça.

O pretexto é Dig, Lazarus Dig! álbum que deve estar, com sorte, a ser violado por uma retroescavadora, e que será posto nas prateleiras algures em Março.
Fiquem então com Dig, Lazarus Dig!


Nick Cave é o que todos os vocalistas das mais medíocres às mais importantes bandas queriam ser. Resumindo, desta poesia faz-se pouca hoje em dia, até porque o Young está aí prás curvas, o Boss ainda mexe e o Morrissey anda a tentar deixar de se abster sexualmente. E ainda dizem que somos infelizes.

sábado, janeiro 26, 2008

La Môme (2007)


Vi um filme que me fascinou. Chama-se La Môme e conta a efémera vida de Edith Piaf.

Numa analogia barata a Amy Winehouse francesa dos anos 40-50, Piaf é uma das grandes intérpretes em que o mundo já pôde por olhos. Extravagante e talentosa, sempre levou uma vida boémia e desafogada, que se senta no lugar do réus aquando da atribuição das causas da sua morte prematura.

Sem ser obsessivamente completo, este filme acaba por abusar da fenomenal interpretação de Marion Coutillard para trazer para a tela uma Piaf genial, apaixonada, amargurada e, acima de tudo, nada ressentida. Se bem que grande parte das interpretações vocais no filme sejam de Edith Piaf, Coutillard consegue interpretar a artista com uma tal naturalidade que por vezes nos esquecemos que estamos a assistir a um filme. Quer seja pelas ruas de Paris, quando cantava pois não queria vender o corpo ou já na epifania do seu derradeiro concerto no Olympia, quando lhe mostram aquela que seria a canção mais marcante da sua carreira, Piaf é retratada com uma pessoa com um fervor de viver imenso, quase desconcertante quando comparado com o seu frágil corpo. Até ao fim quis cantar e, no final, não se arrependeu.

Deixo-vos a óbvia e consensual "piéce de resistance" deste filme.
Non, Je Ne Regrette Rien

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Suffer for Passion, or whatever


E continuam a um ritmo avassalador as confirmações de artistas desejosos de provar do nosso bom bacalhau com batata. Agora é a vez dos Animal Collective confirmarem a sua presença por cá nos dias 28 e 29 de Abril, no Theatro Circo em Braga e no Lux, respectivamente. É pôr a moedinha e escolher.

Também os Juanes concretizaram a sua vontade em experimentar a nossa gastronomia. Se bem que tenham mais cara de Feijoada ou Cozido à Portuguesa, estarão no Pavilhão Atlântico em Lisboa (16 de Junho) e no Coliseu do Porto (17 de Junho) com o intuito de apresentar Vida… Es Un Ratico, titulo algo sugestivo.Podia sempre invocar o óbvio trocadilho com o hit "Camisa Negra" mas acho que cada um de vocês, com a vossa mui criativa mente, consegue chegar lá.

Por fim hoje deu-me para Of Montreal, aqui no Coachella.
She's a Rejector

quarta-feira, janeiro 23, 2008

(Um monte de) Coisas possivelmente se bem que pouco provavelmente interessantes


Gilberto Gil, ministro da Cultura brasileiro e um dos mais sonantes da música canarinha, vem aos Coliseus dias 17 e 19 de Abril, Lisboa e Porto respectivamente. Virá apresentar Gil Luminoso, álbum nunca editado por cá. Curioso no mínimo. Mais um (grande) nome a juntar à já extensa parafernália de artistas que visitarão a nossa espécie de versão actualizada, melhorada e estilizada(estereotipada também ficava bem mas sinceramente não sei o que significa e não me apetece perguntar ao Mr. google) de um qualquer país de terceiro mundo.

Mas não são só dinossauros e mamutes que passarão por cá. Também em Abril José Gonzalez, especialista na imitação de Nick Drake, visitará a Aula Magna e o Teatro de Sá Bandeira, dias 29 e 30 respectivamente. Uma excelente oportunidade para ver brilhantes covers e para passar em revista o ultimo In Our Nature e, quem sabe, revisitar o quase mitico Veneer.

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Quando se fala em fado, fala-se em dor, saudade, fala-se de feitos passados ou talvez do sebastianismo mas há vezes, não tão raras como poderiam ser, em que em muitas mentes floresce o Rouxinol Faduncho. Mas se o Paredes (não, não é esse. O da unhaca) estava para a guitarra portuguesa como estava a Rosa Mota para os pêlos axilares ou a Amália para o Fado, B.B. King é o Blues americano.
Three O´clock Blues, Ladies and Gentlemen

terça-feira, janeiro 22, 2008

Coisas Novas


Leslie Feist, autora de dois grandes discos e já algumas vezes aqui mencionada vem cá ao nosso Portugal. Mas numa época péssima. 10 e 11 de Junho, Coliseu do Porto e Aula Magna respectivamente, são datas muito pouco recomendáveis. Porquê? Porque já passaram ou estão a decorrer os festivais mais importantes e dispendiosos e é época de exames. Não deixa de estar no sitio certo, pena que seja à hora errada.

Os Mars Volta, filhos pródigos dos At The Drive-In, estão neste momento a preparar os confettis para o lançamento de The Bedlam In Goliath, o 4º álbum de originais, dia 29 de Janeiro(Women as Lovers dos XiuXiu é também editado). Para já avançaram Wax Simulacra como 1º single. Soa bem, soa. Aguça o apetite. Veremos se não sai por aquele sitio que para muitos tornou-se uma entrada.

Realmente da maneira que o vocalista canta parece que lhe enrrolharam lá alguma coisa, mas não vou especular.

domingo, janeiro 20, 2008

Coisas Mundanas.


Bons dias se têm vivido por estes lados. Parece que os Go!Team deram um grande concerto no Lux (dispensando os eufemismos, bom, foi uma festa do caralho) e os Portishead vêm cá em Março, 26 e 27 nos coliseus do Porto e de Lisboa respectivamente (exageros à parte, era já esperado o regresso da Beth e co., já que lançam no dia 14 de Abril o 3º álbum de originais). Portanto 2008 está-se a revelar uma país das Maravilhas para uma qualquer alice que esteja disposta a passar fome para assegurar a presença nuns Spoon, Patrick Watson, Caribou, Cure e agora Portishead, entre outros. Há que trepar paredes, perguntar o porquê de bilhetes, gasolina e pão estarem tão caros, e acabar esfaqueados na banheira dum motel, tal como Bloch imaginou, Hitchcock realizou e Van Sant copiou. Referencias cine-literárias à parte, há que respirar fundo e escolher. Mysterons ou Numb?Leva-se o boneco todo vá.


Só uma pequena lembrança. Os Franz Ferdinand estão vivos, e a provar isso está a inevitável capacidade de dizer coisas parvas de Alex Kapranos. Primeiro lança as achas, com o possível abuso sem consentimento de sintetizadores, quando o que eles fazem bem é copiar descaradamente os Talking Heads. Depois avançam que o álbum é sujo. Bom, reflictamos. A ultima vez que alguma coisa teve sentido com as palavras "sintetizador" e "sujo" foi...Exacto. Qualquer coisa muito pouco recomendável nos meandros dos 80's. Mas se a voz do Kapranos consegue ser irritante em doses excessivas, há que lhes tirar o chapéu, a ele e à companhia, pelo que já fizeram. Sim, merecem um voto de confiança.

sábado, janeiro 19, 2008

Norberto Lobo

Lisboeta, seguidor de Carlos Paredes, e adepto da mini preta. Que se preze este homem. Esteve há dias no Zé dos Bois,
e no Lux, ontem, os The Go! Team, que partiram completamente a loiça toda. Continuam em digressão e quem ainda quiser ouvir a inconfundivel gaita de beiços, que corra hoje para o Porto, à Casa da Música. Os bilhetes esgotam-se.

Norberto Lobo - Mudar de Bina



domingo, janeiro 13, 2008

Os Berços

Achei piada a este estereótipado Steve Ray Vaughan's band (guitarra, baixo e bateria) de irmãos, que apesar de longe soar a esses brilhantes electric blues, tem nomes de músicas como Our Bovine Public e um guitarrista que sabe quando e como mandar uns berros para tentar ocultar a falta de um quarto irmão com uma guitarra. Percebo de música? Nem por isso.


The Cribs - Mirror Kisses

sábado, janeiro 12, 2008

Tempos complicados

Ao que parece este ano está aí ao rubro para adeptos de metalórock. Já com grandes nomes confirmados, Iron Maiden (9 de Julho , no Super Bock Super Rock), Nightwish (coliseus do Porto e Lisboa, a 18 e 19 de Abril respectivamente.), Tokio Hotel (Pav. Atlântico a 16 de Março), Within Temptation (dia 7, no Coliseu de Lisboa) e Korn (Pav. Atlântico, a 27 de Fevereiro), a organização do Rock in Rio Lisboa convenceu Metallica e Machine Head a visitarem o nosso jardim no dia 8 de Junho. Advinham-se tempos difíceis para o sempre amigável e delicado pessoal do metal. Terão mesmo que esquecer o concerto dos Backstreet Bois.

Mas passando a coisas mais interessantes, os "velhinhos" Clinic estão na calha de lançar um novo album. Será editado a 8 de Abril, cama-se Do it e faz-nos esperar por mais ecletismo, instrumentos de sopro e personagens mascaradas de cirurgiões sanguinário. Não há vídeo ou single avançado para ninguém, mas Janis Joplin e Jimi Hendrix juntos. Chega e sobra.

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Cover your balls, 'Cause we swing kung fu

Maio promete ser bem engraçado. Já confirmados para Casa da música e Aula Magna os anciãos Einstürzende Neubauten, dia 03 e 04, respectivamente, chega hoje a noticia que John Cale será português durante dois dias. Começa em Vila Nova de Famalicão, dia 16, e termina 17 no Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre. Desconhece-se se traz Lou Reed (utopias existem por alguma razão) mas está assegurada a cobertura de algumas musicas desse belíssimo "HoboSapiens" e do mais recente Black Acetate.


Mas o que está realmente apetecível hoje é o Surfer Rosa. Deleitem-se com um Break My Body.

quarta-feira, janeiro 02, 2008

#01 Maternidade Est. 2007




#01 - Boxer - The National

Podiam preencher este lugar uma boa mão cheia de albuns, alias a ordem desta lista é tão aleatória como o meu humor. Mas naquele dia, aquela hora foi assim que a fiz e desde ai não mudou. Mas se há posição que eu não trocaria, essa posição é esta mesma.
Se em Alligator Abel mostrava-se uma besta intempestiva, Fake Empire abre Boxer subtilmente. Após a introdução banhada a piano começa a bateria. A partir daí e até à parte dos trompetes, chega-se à conclusão que há ali qualquer coisa de diferente. Daí para frente todo o album se desdobra-se duma maneira impressionante. Mistaken for Strangers apela à hipocrisia da amizade,
You get mistaken for strangers by your own friends
when you pass them at night under the silvery, silvery citibank lights
arm in arm in arm and eyes and eyes glazing under
oh you wouldn’t want an angel watching over
surprise, surprise they wouldn’t wannna watch
another uninnocent, elegant fall into the unmagnificent lives of adults
sendo o ultimo verso elucidativo da vida dos "crescidos". Brainy faz da bateria a sua alma. Alias tenho que salientar que o que faz que este album seja realmente bom não são tanto as letras ou os arranjos, mas antes a secção rítmica, que consegue dar vida ás letra cruas e directas que a voz fria e distante de Matt Berninger profere. Em Squalor Victoria, o protagonismo vai para fusão entre violoncelo e violino, rapidamente substituidos pelo piano, numa música de desespero prefeccionista, que podia servir de moldura a muitos retratos humanos conhecidos.
Mais à frente, Slow Show é a analogia de uma love song aplicada a cromos. A par com todos os seus preciosismos liricos, Berninger fala do amor destinado a ser
" You know I dreamed about you
I missed you for
for twenty-nine years"
A meio, Racing Like a Pro soa a ressaca. É provavelmente a canção mais vaga e sem sentido(se é que neste alguma coisa tem sentido) deste Boxer, e é provavelmente isso que a faz ser a mais confortável de ouvir, naqueles momentos do limiar do "sono e alcool a mais no sangue".
Já em Ada, a sua morte provoca grave danos psiquicos em Berniger
"Ada I can hear the sound of your laugh through the wall"
Gospel deixa-nos, porfim uma mensagem de esperança. Sim porque no final de contas este album é estranho. Aborda temas como o amor e morte de uma maneira directa e crua, e consegue faze-lo com uma subtileza brilhante. E se bem que não tem uma Friend of Mine ou Mr November, consegue-se que dizer que todas as suas canções são candidatas a melhor do ano. E isso mais nenhum album poderá orgulhar-se.

terça-feira, janeiro 01, 2008

#02/#03Maternidade Est. 2007




#02 - Night Falls Over Kortedala - Jens Lekman

Havia muita coisa para dizer acerca deste álbum, mas acho que estar aqui a dissecá-lo tirava-lhe muita da sua pinta. Dessa maneira, não tenho como justificar a presença de Night Falls Over Kortedela como vice-campeão de 2007, mas caso a curiosidade vos afecte ouçam. Não mudará as vossas vidas mas não vos deixará indiferentes, de certeza.

#03 - Aman Iman : Water is Life - Tinariwen
Ora aqui está um álbum que desmistifica aquele lugar-comum caseiro de que música boa só os americanos e ingleses é que fazem, até porque por coincidência ou não, os Tinariwen vêm também do Mali, terra natal de Ali Farka Touré e do seu respeitável filho.
Quando ouvida repetidamente, Cler Achel torna-se quase uma razão de viver. Numa segunda fase já se canta o refrão(qualquer coisa como vsera vsaresama vresamevresama), e numa terceira sai-se do armário, veste-se a burka e imita-se a shakira. Segue-se Mano Dayak, que é duma transparência quase absurda. Acho incrível a panóplia de imagens que os coros, as palmas a guitarra trazem à nossa imaginação. Mas isso é transmitido por todo álbum em si. 63 e Toumast tornam o psicadelismo em algo mais do que lsd e umas boas ervas. Não são apenas as guitarras, mas todos o conjunto vocal, desde o vocalista ao coro, que de uma forma hipnotizante conseguem transportar-nos para outros horizontes, à semelhança do que os Pink Floyd faziam no tempo em que Syd Barrett ainda não era totalmente queimado da cabeça. Como Cler Achel também Imidiwan Winakilin obriga-nos a cantar em fac simile o refrão, que fica a soar muito mal, como seria de esperar. Já no final vem Assouf, talvez a melhor deste Aman Iman, onde a guitarra enfeitada com um wah à Hendrix completa perfeitamente os coros.
Abstraindo-me da tão maquilhadora hipócrisia, não foram as letras que me atraíram, até porque não domino o Tamashek, de todo. Foi antes o ambiente de descompressão e sobretudo as melodias hipnotizantes a trazerem, invariavelmente, o quente e seco deserto à cabeça, que me fizeram admirar este conjunto, que conta já com mais de 20 anos de história, 3 álbuns apenas e muita guerra e fome no meio.


Passou-se. Como autêntica destilaria se evaporou mais um dezembro, entre sirenes, tropeções, decotes (tinham que vir as mamas) álcool, que diz impestar o cabelo de tabaco, e clandestinos. Na fugaz sobriedade o defunto ano parecera bom, mas porra, havíamos de abrir o recém-nascido à bruta. Não?
De qualquer das formas, neste estado ou acordado o suficiente para levantar e baixar o tampo da sanita, entrámos num novo campeonato (não, não tem qualquer cariz sexual) e é caso para exaltar a tão aclamada frase do não menos célebre jogo Call of Duty 3 (4):

MISSION COMPLETED!

Bom ano


PODES OPINAR AQUI!